Português (brasileiro) Bíblia - João Ferreira de Almeida Atualizada

Lamentações 2

Lamentações

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Capítulo 3

1


 

  Eu sou o homem que viu a aflição causada pela vara do seu furor.     

 

 


2


 

  Ele me guiou e me fez andar em trevas e não na luz.     

 

 


3


 

  Deveras fez virar e revirar a sua mão contra mim o dia todo.     

 

 


4


 

  Fez envelhecer a minha carne e a minha pele; quebrou-me os ossos.     

 

 


5


 

  Levantou trincheiras contra mim, e me cercou de fel e trabalho.     

 

 


6


 

  Fez-me habitar em lugares tenebrosos, como os que estavam mortos há muito.     

 

 


7


 

  Cercou-me de uma sebe de modo que não posso sair; agravou os meus grilhões.     

 

 


8


 

  Ainda quando grito e clamo por socorro, ele exclui a minha oração.     

 

 


9


 

  Fechou os meus caminhos com pedras lavradas, fez tortuosas as minhas veredas.     

 

 


10


 

  Fez-se-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.     

 

 


11


 

  Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me desolado.     

 

 


12


 

  Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.     

 

 


13


 

  Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.     

 

 


14


 

  Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo, e a sua canção o dia todo.     

 

 


15


 

  Encheu-me de amarguras, fartou-me de absinto.     

 

 


16


 

  Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes, cobriu-me de cinza.     

 

 


17


 

  Alongaste da paz a minha alma; esqueci-me do que seja a felicidade.     

 

 


18


 

  Digo, pois: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor.     

 

 


19


 

  Lembra-te da minha aflição e amargura, do absinto e do fel.     

 

 


20


 

  Minha alma ainda os conserva na memória, e se abate dentro de mim.     

 

 


21


 

  Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança.     

 

 


22


 

  A benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias não têm fim;     

 

 


23


 

  renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.     

 

 


24


 

  A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.     

 

 


25


 

  Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.     

 

 


26


 

  Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.     

 

 


27


 

  Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.     

 

 


28


 

  Que se assente ele, sozinho, e fique calado, porquanto Deus o pôs sobre ele.     

 

 


29


 

  Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.     

 

 


30


 

  Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.     

 

 


31


 

  Pois o Senhor não rejeitará para sempre.     

 

 


32


 

  Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão segundo a grandeza da sua misericordia.     

 

 


33


 

  Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.     

 

 


34


 

  Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra,     

 

 


35


 

  perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,     

 

 


36


 

  subverter o homem no seu pleito, não são do agrado do senhor.     

 

 


37


 

  Quem é aquele que manda, e assim acontece, sem que o Senhor o tenha ordenado?     

 

 


38


 

  Não sai da boca do Altíssimo tanto o mal como o bem?     

 

 


39


 

  Por que se queixaria o homem vivente, o varão por causa do castigo dos seus pecados?     

 

 


40


 

  Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los, e voltemos para o Senhor.     

 

 


41


 

  Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus no céu dizendo;     

 

 


42


 

  Nós transgredimos, e fomos rebeldes, e não perdoaste,     

 

 


43


 

  Cobriste-te de ira, e nos perseguiste; mataste, não te apiedaste.     

 

 


44


 

  Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.     

 

 


45


 

  Como escória e refugo nos puseste no meio dos povos.     

 

 


46


 

  Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.     

 

 


47


 

  Temor e cova vieram sobre nós, assolação e destruição.     

 

 


48


 

  Torrentes de águas correm dos meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo.     

 

 


49


 

  Os meus olhos derramam lágrimas, e não cessam, sem haver intermissão,     

 

 


50


 

  até que o Senhor atente e veja desde o céu.     

 

 


51


 

  Os meus olhos me afligem, por causa de todas as filhas da minha cidade.     

 

 


52


 

  Como ave me caçaram os que, sem causa, são meus inimigos.     

 

 


53


 

  Atiraram-me vivo na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.     

 

 


54


 

  Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.     

 

 


55


 

  Invoquei o teu nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra.     

 

 


56


 

  Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor.     

 

 


57


 

  Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.     

 

 


58


 

  Pleiteaste, Senhor, a minha causa; remiste a minha vida.     

 

 


59


 

  Viste, Senhor, a injustiça que sofri; julga tu a minha causa.     

 

 


60


 

  Viste toda a sua vingança, todos os seus desígnios contra mim.     

 

 


61


 

  Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus desígnios contra mim,     

 

 


62


 

  os lábios e os pensamentos dos que se levantam contra mim o dia todo.     

 

 


63


 

  Observa-os ao assentarem-se e ao levantarem-se; eu sou a sua canção.     

 

 


64


 

  Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.     

 

 


65


 

  Tu lhes darás dureza de coração, maldição tua sobre eles.     

 

 


66


 

  Na tua ira os perseguirás, e os destruirás de debaixo dos teus céus, ó Senhor.     

 

 


Lamentações 4

 

 

 

 

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